Uma das provas mais icônicas do Brasil chega à centésima edição este ano: a São Silvestre. Criada em 1925 pelo empresário e jornalista Cásper Líbero, a prova atravessou um século de história e se consolidou como um dos eventos esportivos mais prestigiados do Brasil e da América Latina. Para marcar o centenário, o premiado programa Caminhos da Reportagem apresenta episódio especial 100 vezes São Silvestre , que vai ao ar excepcionalmente às 22h30 desta segunda-feira (29), na TV Brasil .
A corrida coroou atletas memoráveis e se firmou como símbolo de celebração e pertencimento nas ruas da capital paulista, atraindo, a cada edição, milhares de corredores profissionais e amadores. O programa traz grandes nomes que contam a história do evento e celebram sua importância para a cultura esportiva do país.
Inspirada em corridas de rua que Cásper Líbero conheceu em Paris, a corrida teve na sua primeira edição 48 corredores . O jornalista e diretor-executivo da São Silvestre, Erick Castelhero, conta como a corrida já trazia, desde o início, uma de suas características mais famosas.
“A ideia era sempre linkar ali a última noite do ano com o Réveillon e já chamando para um novo ano. Talvez o Cásper não imaginasse que [a prova] ia chegar ao que ela é hoje.”
Nas primeiras edições, apenas atletas brasileiros disputavam a prova. O primeiro vencedor foi Alfredo Gomes. Neto de escravizados, ele é também o primeiro atleta brasileiro negro a participar dos Jogos Olímpicos . Em 1945, corredores estrangeiros começaram a participar da competição.
A partir dessa mudança, o Brasil ficou décadas sem vencer a prova. O jejum foi encerrado em 1980, com a histórica vitória de José João da Silva. Atleta do São Paulo Futebol Clube, ele comenta o impacto daquele título, assumindo a liderança nos últimos metros.
“Ali eu não tinha ideia, para te falar a verdade, do tamanho da vitória. Parou o país, foi uma Copa do Mundo. Essa vitória foi um marco grande.”
Cinco anos depois, o atleta venceria novamente a prova, tornando-se um dos poucos brasileiros a alcançarem tal feito .
O crescimento da São Silvestre e do seu nível competitivo atraiu atletas de várias partes do mundo. A mexicana María del Carmen Díaz, tricampeã da São Silvestre (1989, 1990 e 1992), treinava numa região de vulcões próxima a Toluca, sua cidade natal. Em São Paulo, superou o calor de 30 graus para vencer a primeira São Silvestre disputada no período da tarde. Ela rememora com carinho o apoio do povo nas ruas:
“Eu realmente admiro o público brasileiro porque, como sempre disse, fui mais reconhecida em outro país do que no próprio México.Sinto orgulho porque há corredoras, corredores e crianças que me dizem que, por minha causa, praticam esportes e gostam de corridas.”
Foi apenas a partir da 51ª edição que a São Silvestre passou a ter uma prova feminina . A maior vencedora é a portuguesa Rosa Mota, com seis títulos consecutivos que inspiraram gerações de novas corredoras.
A brasileira Maria Zeferina Baldaia assistiu as vitórias de Rosa na TV, quando criança, e decidiu que também queria ser atleta. No entanto, realizar o sonho de vencer a São Silvestre não foi nada fácil.
“Eu corri durante 15 anos descalça porque eu não tinha tênis, meus pais não tinham condições de comprar e mesmo assim eu continuei correndo. Eu tinha o objetivo de ajudar minha família”, relembra Maria.
Treinando nos canaviais de Sertãozinho, no interior de São Paulo, Maria Zeferina deu os primeiros passos que a levariam à inesquecível vitória da São Silvestre em 2001 . O título não mudou apenas a vida de sua família, mas também ajudou a fortalecer a cultura esportiva na sua cidade, que hoje conta com um centro olímpico batizado com seu nome: “E hoje eu poder estar fazendo o que eu ainda faço, que é correr e poder treinar e ver as crianças, jovens e adultos, isso não tem preço”.
Ao longo de um século, a São Silvestre se consolidou também como um fenômeno popular. Milhares de atletas amadores de todo o país se encontram na Avenida Paulista para celebrar a virada do ano, a superação dos próprios limites e a paixão por correr.
Entre eles, estará Ana Garcez, conhecida pela comunidade do atletismo como “Ana Animal”. Irreverente e com muitos resultados de destaque, ela chegou a morar nas ruas, mas hoje tem a chance de passar por essas mesmas vias celebrando a corrida como um propósito na sua vida.
“A corrida me trouxe perseverança, me trouxe alegria. Se não fosse a corrida, hoje eu não estava falando aqui com você”, conclui.
Para marcar o centenário, a São Silvestre deste ano será a maior edição da história. São esperados cerca de 55 mil participantes, com provas feminina, masculina, para pessoas com deficiência e também a São Silvestrinha, evento que reúne duas mil crianças e adolescentes de várias partes do país, formando uma nova geração de apaixonados por corrida .
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